sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Crítica por Elisabete Lucas


A pintura de Sílvia Marieta é uma extensão de si própria.

Uma arte extensa na temática, ampla nas técnicas utilizadas, aberta na perspectiva. Uma arte que experimenta, que se deixa desafiar, que manifesta o “eu”. Uma arte que atravessa solo diverso, da pintura ao desenho, passando pela gravura. Uma arte que se apresenta múltipla, que tanto traduz o que os olhos alcançam como aquilo que eles não presenciam, expresso, por exemplo, através de obras com forte pendor surrealista. Uma arte que faz sorrir, pensar, sonhar, arrepiar, debater. Uma arte que provoca. Uma arte que convoca.
Sílvia Marieta dedica-se à arte, permitindo que esta faça parte da sua vida sem rodeio. A artista revela que parte das suas pinturas resultam de momentos de “inspiração”, nos quais deixa a imaginação voar e deixa fluir para a tela o que de mais intrínseco consegue libertar de si mesma. Mesmo quando as obras resultam de experiências ou de exercícios nos quais se envolve, há uma marca própria que ali se fixa. Se desde cedo mostrou gosto pelo desenho e, posteriormente pela pintura, a sua formação académica contribuiu fortemente para as capacidades artísticas que revela. Licenciada em pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, Sílvia Marieta possui um vasto conhecimento de técnicas. Contudo, se este possibilita, por princípio, uma maior aproximação entre o desejo ou a intenção e o resultado, não é nele que reside a capacidade de “deixar fluir” para a tela o que lê ou vê em si próprio. A diferença está então no talento de se interpretar e manifestar.
Mas Sílvia Marieta não encara a arte unicamente como extensão individual. Ainda assim, demonstra predilecção pela figura humana, explorando a sua complexidade, característica e ambivalência. Mas vai mais longe e aventura-se noutros domínios. Não teme e pinta ao vivo, aprecia o conhecimento, o que motiva, por exemplo, a frequência de cursos como os de ilustração científica da vida marinha e desenho arqueológico, deixa-se desafiar. É uma artista que nunca tomou a decisão de o ser, porque desde sempre a arte cruza a sua existência. Talvez por isso afirme que “ A verdadeira arte é maior que tudo”. Talvez por isso acredite que criação é algo que nunca está completo. Talvez por isso manifeste o desejo de continuar a criar. Sempre.

Elisabete Lucas
Publicado no livro de artistas contemporâneos “Prospero – Internacional Art Book” organinação da associação Galeria Aberta e da editora INSAT.

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