Uma arte extensa na temática,
ampla nas técnicas utilizadas, aberta na perspectiva. Uma arte que experimenta,
que se deixa desafiar, que manifesta o “eu”. Uma arte que atravessa solo
diverso, da pintura ao desenho, passando pela gravura. Uma arte que se
apresenta múltipla, que tanto traduz o que os olhos alcançam como aquilo que
eles não presenciam, expresso, por exemplo, através de obras com forte pendor
surrealista. Uma arte que faz sorrir, pensar, sonhar, arrepiar, debater. Uma
arte que provoca. Uma arte que convoca.
Sílvia Marieta dedica-se à arte,
permitindo que esta faça parte da sua vida sem rodeio. A artista revela que
parte das suas pinturas resultam de momentos de “inspiração”, nos quais deixa a
imaginação voar e deixa fluir para a tela o que de mais intrínseco consegue
libertar de si mesma. Mesmo quando as obras resultam de experiências ou de
exercícios nos quais se envolve, há uma marca própria que ali se fixa. Se desde
cedo mostrou gosto pelo desenho e, posteriormente pela pintura, a sua formação
académica contribuiu fortemente para as capacidades artísticas que revela.
Licenciada em pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa,
Sílvia Marieta possui um vasto conhecimento de técnicas. Contudo, se este
possibilita, por princípio, uma maior aproximação entre o desejo ou a intenção
e o resultado, não é nele que reside a capacidade de “deixar fluir” para a tela
o que lê ou vê em si próprio. A diferença está então no talento de se
interpretar e manifestar.
Mas Sílvia Marieta não encara a
arte unicamente como extensão individual. Ainda assim, demonstra predilecção
pela figura humana, explorando a sua complexidade, característica e
ambivalência. Mas vai mais longe e aventura-se noutros domínios. Não teme e
pinta ao vivo, aprecia o conhecimento, o que motiva, por exemplo, a frequência
de cursos como os de ilustração científica da vida marinha e desenho
arqueológico, deixa-se desafiar. É uma artista que nunca tomou a decisão de o ser,
porque desde sempre a arte cruza a sua existência. Talvez por isso afirme que “
A verdadeira arte é maior que tudo”. Talvez por isso acredite que criação é
algo que nunca está completo. Talvez por isso manifeste o desejo de continuar a
criar. Sempre.
Elisabete Lucas
Publicado no livro de artistas
contemporâneos “Prospero – Internacional Art Book” organinação da associação
Galeria Aberta e da editora INSAT.
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